Uma das tantas verdades que Jesus disse, foi: "Conhecereis a verdade e ela vos libertará". Mas que verdade seria essa a que o Mestre Nazareno se referia? Se fizermos uma análise mais aprofundada, destituída de fanatismos e ideologias religiosas, chegaremos à conclusão de que a verdade que nos libertará aludida por Jesus, não é outra senão a verdade sobre nós mesmos. Se você parar para pensar, chegará, sem dificuldade, à conclusão de que conhecemos muito a respeito de muitas coisas, inclusive a respeito dos nossos familiares, colegas de trabalho e dos nossos vizinhos, do que a nós próprios. Somos capazes de, rapidamente, enumerar defeitos das pessoas próximas, ao passo que sofremos um enorme bloqueio para detectar em nós características que os outros, por sua vez, veem com facilidade. Você não concorda? Pois, isso atesta a grande dificuldade que temos em inverter a lógica do olhar que enxerga o exterior e voltar a nossa visão para o nosso interior com o objetivo de detectarmos aquilo que precisa ser consertado, não nos outros, mas em nós próprios.
Não é por outro motivo que estamos neste mundo senão para evoluir e crescer enquanto espíritos imortais. Essa ideia, porém, de que nossa essência é espiritual leva muitas pessoas a contestá-la sob a alegação de que, se somos espíritos, por que razão somos viventes de um mundo essencialmente material? E a resposta é tão simples quanto óbvia, pois que é aqui que encontramos os agentes que fazem aflorar em nós tudo aquilo que precisamos combater em nós próprios, qual seja, as chamadas doenças do espírito como a raiva, a mágoa, o orgulho, a vaidade, o melindre e todo aquele rosário de defeitos tão característico de espíritos ainda muito atrasados que somos todos. E é exatamente neste ponto que o Espiritismo revela-se como um instrumento valioso no processo de autoconhecimento na medida em que seus conceitos não são voltados para o corpo físico e nem para os bens materiais, e sim para o espírito e os bens morais, pois que a sua essência objetiva atuar no melhoramento moral do ser. E vai além, pois desmistifica a visão de um Deus que castiga para passar a vê- -lo e aceitá-lo como um Deus do Universo infinito além de nos esclarecer de forma límpida e objetiva, sem rodeios e nem proselitismos a nossa principal necessidade: conhecer a nós mesmos. Por ser uma doutrina do livre-arbítrio e da razão, não impõe nenhuma obrigação, nenhuma proibição, nenhuma hierarquia e nenhuma fórmula ritualística a seus adeptos. As obrigações são apenas de natureza moral. Quem for a uma casa espírita na expectativa de ver espíritos, vai sair de lá completamente decepcionado, porque não vai ver nenhuma alma doutro mundo, pois que o seu principal objetivo não é explicitar os fenômenos e sim modificar o homem de dentro para fora através do esclarecimento.
As falhas que cometemos e que as religiões classificam como pecados das mais diversas categorias são inerentes e compatíveis com o nosso baixo nível evolutivo. À medida, porém, que, ao longo dos milênios através das múltiplas encarnações, vamos conhecendo as nossas fraquezas e trabalhando para minimizá- -las, vamos, também, nesse processo milenar de idas e vindas, entendendo que a melhor forma de crescer, de evoluir, é detectar em nós mesmos, e sem melindres, o que precisamos extirpar, o que precisamos aprimorar e o que precisamos manter. E a melhor forma de começarmos esse processo de melhoramento da nossa essência, é fazer, o mais rápido possível, o nosso processo de autoconhecimento através uma viagem talvez ainda não programada, mas extremamente necessária e imperiosa que é uma viagem ao mundo desconhecido de nós mesmos.